Crianças Feras

Crianças Feras

As crianças que cresceram entre feras

Oxana Malaya : Por cinco anos, Oxana Malaya viveu entre animais, comendo alimentos crus e restos encontrados nas vizinhanças dos vilarejos. Os pais, alcoólatras, abandonaram a menina aos três anos de idade e desde então ela foi adotada por uma matilha de cães. Isso aconteceu no vilarejo Navaya Blagoveschenka, na Ucrânia.
Cinco anos depois, em 1991, um cidadão informou às autoridades locais o avistamento de uma criança vivendo entre os cães. Ela foi resgatada: tinha oito anos na ocasião. Seu comportamento era totalmente canino: andava de quatro, latia, rosnava, bebia água diretamente das fontes e quando se molhava, sacudia o corpo inteiro tal como fazem os cachorros.
Recolhida a um orfanato, ali foi ensinada a andar em postura ereta, comer com as mãos e falar. Aliás, Oxana nunca desaprendeu completamente o pouco da linguagem humana que havia aprendido na primeira infância; entretanto, apesar do esforço dos professores, ela jamais recuperou a condição a humana e apresenta, recorrentemente, comportamento animal.
Em 2002, Lyn Fry, psicóloga britânica especialista em crianças autistas e casos de feral children, foi à Ucrânia ver Oxana que, atualmente, vive em uma instituição para doentes mentais. Fry encontrou uma jovem de vinte e três anos com mentalidade de seis e surpreendeu-se com o que viu: "Ela gosta de ser o centro das atenções, age como um humano mas freqüentemente o comportamento sofre reversão e ela age como um animal. Seu modo de falar é estranho, sem inflexões mas ela tem senso de humor. Quando dei a ela animais de brinquedo, ela me agradeceu. Em uma primeira impressão, você não pode imaginar que ela foi criada entre cães.
O pai de Oxana foi localizado; da mãe, não há notícias. Pai e filha reencontraram-se durante a filmagem de um documentário televisivo sobre o caso. A jovem tem esperança de voltar a viver com a família mas os especialistas não acreditam nesta possibilidade. Sua personalidade é frágil e sua adaptação à sociedade parece ser completamente impossível.

A Garota de Champagne: Em 1731, uma menina aparentando 10 anos foi encontrada em uma árvore em Songi - Chalons, distrito de Champagne, França. Descalça, com o vestido reduzido a trapos e um gorro feito de folhagens na cabeça. Em uma espécie de bolsa, guardava um porrete e uma faca onde distinguiam-se carcteres indecifráveis. Emitia gritos agudos; sua pele estava tão suja e escurecida que alguns acharam que era uma menina negra. Comia passarinhos, sapos e peixes, folhas, brotos e raízes. Quando colocaram um coelho em sua frente ela imediatamente o matou, abriu sua entranhas e comeu sua carne. A garota de Champagne é um dos raros casos de criança selvagem que aprendeu a falar coerentemente o que faz pensar que, antes de ser abandonada ou perder-se, já sabia a falar. Em pouco tempo ela esqueceu a maior parte de sua vida na floresta que, supõe-se, durou cerca de dois anos.
"Seus dedos, especialmente os polegares, eram extraordinariamente largos" - relatou uma testemunha da época, o famoso cientista Charles Marie de la Condamina. Ela usava esses dedos para extrair raízes e como apoio para agarrar nos ramos das árvores, entre as quais movia-se como um macaco. Era muito rápida na corrida e tinha uma visão fenomenal. A menina recebeu o nome de Marie-Angélique Memmie le Blanc. Cresceu e se estabeleceu em Paris onde trabalhava no artesanato de flores artificiais. Suas memórias foram escritas por Madame Hecquet. Morreu na obscuridade com a maioria das crianças selvagens.

Amala & Kamala: Estas duas meninas talvez sejam as mais famosas crianças selvagens de que se tem notícia. Indianas, foram capturadas em 1920 nas vizinhanças de Midnapore, a oeste de Calcutá. Para achá-las foi organizada uma expedição de aldeões liderada pelo reverendo Jal Singh, um missionário anglicano. Na captura, a mãe-loba foi abatida e as crianças receberam os nomes de Amala e Kamala; deveriam ter entre dois e oito anos. Singh as descreve: caninos alongados, queixo retraído, olhos que brilhavam na escuridão. Amala, a mais nova, morreu em um ano. Kamala sobreviveu até 1929, tempo em que aprendeu a comer cozida, andar ereta e falar cerca de 50 palavras.

A Menina-Lobo do Texas
É um dos casos mais impressionantes e que assumiu status de verdadeira lenda. No começo do século XIX, em uma região erma, quase despovoada, às margens do rio do Diabo (Devil's river), próximo à localidade de Del Rio, contava-se que existia uma menina-loba. Sua mãe morrera no parto e o pai, John Dent, sucumbiu em meio a uma tempestade enquanto procurava ajuda.
A criança não foi encontrada e o povo presumiu que havia sido devorada pelos lobos que habitavam as vizinhanças. Em 1845, o rapaz morador de San Felipe Springs, disse que tinha visto uma matilha de lobos que atacava seu rebanho de cabras e, entre eles, havia "uma criatura com longos cabelos que cobriam suas feições; parecia uma garota e estava nua." No ano seguinte, os índios Apaches também relataram que muitas vezes encontravam pegadas humanas entre pegadas de lobos.
Um caçador foi contratado e no terceiro dia de busca, a garota, agora uma jovem adulta, foi encurralada em um canyon. O lobo que a acompanhava morreu tentando defendê-la. Ela foi levada para um rancho e trancada em um quarto. Naquela tarde, um grande número de lobos, aparentemente atraídos pelos gritos-uivos da moça, cercaram a casa. As pessoas ficaram em pânico e no meio da confusão, ela escapou. Em 1852 foi vista novamente às margens do rio Grande acompanhada de dois filhotes de lobo e nunca mais se teve notícias dela.

Em 1344, um menino alemão de três anos foi, supostamente, capturado por um lobo. Na matilha, recebu cuidados especiais, como um leito de folhagens especialmente preparado para ele, para protegê-lo do frio, e porções de caça como alimentação. Aprendeu andar de quatro e acostumou-se a acompanhar a marcha de seus captores. Quando foi reincorporado à civilização dizia preferir viver com lobos a viver com seres humanos.
Na Índia, entre os anos de 1841 e 1895, quatorze crianças-lobo foram encontradas, sete das quais foram descritas pelo general W.H. Sleeman. O primeiro foi capturado em Hasunpur, no atual estado de Uttar Pradesh; tinhas todas as características de uma wolf child. Sua comida favorita era carne crua e, como em outros casos, não falava. Algumas dessas crianças conseguiram ser educadas; humanizaram-se. Uma delas, um menino de Sultanpur, resgatado em 1895, tornou-se policial.

Ramu - em 1954, The Wolf Boy foi encontrado na estação ferroviária de Luckhow; tinha 10 anos e era, provavelmente, retardado mental. Seus membros estavam deformados. Morreu no hospital de Luckhow em 1968.

Shamdeo: Em maio de 1972, um menino de 4 anos na floresta de Masafirkhana, em uma região onde outros cinco casos foram registrados. O garoto tinha a pele muito escura, unhas muito longas, cabelo abundante, calosidades nas mãos, pés e tornozelos, dentes aguçados, apetite por sangue além de comer terra. Caçava galinhas, preferia a noite ao dia e procurava a companhia de cachorros e chacais. Foi chamado Shamdeo e levado para o vilarejo de Narayanpur. Aprendeu a se comunicar por sinais. Em 1978, foi acolhido por madre Teresa de Calcutá. Morreu em fevereiro de 1985.

Djuma: encontrado por geólogos, em 1962, aos sete anos de idade, na Ásia Central, em uma região deserta do Turkmenistão. Os lobos que o acompanhavam tiveram de ser mortos para o menino fosse resgatado. Em quatro anos aprendeu a falar umas poucas palavras e dormir em uma cama. Recebeu cuidados no Republican Hospital em Ashkhabad mas, em 1991, uma reportagem constatou que ele ainda andava de quatro, só comia carne crua e podia morder quando estava com fome.

Misha Defonseca: essa menina judia viveu entre lobos dos 7 aos 11 anos, vagando pela Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Comia frutos selvagens, como amoras, carne e outros alimentos furtados de fazendas e, ocasionalmente, unido-se aos lobos em suas caçadas. Misha escreveu: "Em minhas viagens, eu podia dormir profundamente na companhia dos lobos. Os dias com minha família de feras multiplicavam-se. Não tinha idéia de há quanto tempo estava com eles. Achava que ia viver com os lobos para sempre e isso me parecia melhor que voltar ao mundo humano. Hoje, as lembranças daqueles dias são cinzentas. Foi uma experiência maravilhosa".

Mekhriban Ibragimov: Em 1978, novamente, os lobos salvaram uma menina no Azerbaijão. Mekhriban Ibragimov, três anos, perdeu-se na ravina coberta de neve. Foi encontrada depois de 16 horas, abrigada em uma caverna juntamente com um lobo e seus filhotes. Ela disse à mãe que o lobo lambeu seu rosto.

Rocco: Em 1971, nas montanhas Abruzzi - Itália, pastores encontraram um garoto nu; aparentava ter cinco anos. Os médicos acreditavam que ele tinha sido abandonado ainda bebê e levado para a montanha por cabras ou lobos. Foi chamado de Rocco. Várias famílias tentaram, sem sucesso, "domesticar" o menino. Por fim, ele foi encaminhado a um hospital psiquiátrico próximo a Milão. Ele não aprendia a falar, só comia com as mãos, andava de quatro, gostava de ser acariciado mas se retraía e rosnava recolhendo-se a um canto quando estava assustado.

Ursos
Goranca Cuculic: Esta menina tinha cinco anos quando se perdeu na floresta próxima a sua casa, em Vranje - Iugoslávia. Foi encontrada três dias depois e contou que havia encontrado uma ursa e dois filhotes. O animal lambeu sua face e ela bricou com os ursinhos. À noite, dormiu com eles em uma caverna. Em 2001, no Irã, um bebê de 16 meses, desaparecido por três dias, foi achado entre ursos são e salvo. Há registros de crianças que cresceram entre ursos na Dinamarca e na Lituânia. Em 1767, na Hungria, uma garota com cerca de 18 anos, alta e com a pele escurecida, foi encontrada por caçadores. Seu comportamento era agressivo; comia carne crua, raízes e folhagens. Tinha sido criada por ursos. Na Índia, em 1914, outra garota, 14 anos, foi achada em Uttar Pradesh. Chamada de Grongi, recusava dormir em camas e comida cozida. Seus comportamento era semelhante ao dos ursos. Em 1937, na Turquia, em um asilo para doentes mentais, outra jovem, 16 anos presumidos, tinha vivido entre ursos e não se adaptou ao modo de vida humano.

Macacos
Tissa, de Sri Lanka Em 1973, no vilarejo de Tissamaharama, sul de Sri Lanka, foi capturado um menino que vivia com um bando de macacos. Em três meses aprendeu a andar ereto; ainda comia com as mãos, não falava mas aprendeu a sorrir.

Burundi Monkei Boy: este caso aconteceu em 1973. O garoto aparentava seis anos e se comportava como um macaco. A antropóloga Diane Skelly constatou que o corpo da criança era coberto por uma fina pelagem que desapareceu quando ele começou a usar roupas.
Robert, de Uganda: Durante o caos da guerra civil naquele país, o menino foi abandonado. Encontrado por militares, três anos depois, vivia com macacos. Levado ao orfanato de Kampala, passou por um processo de socialização e, aos oito anos, fazia sua própria higiene, andava e dormia em cama.

John, de Uganda: Este foi achado em 1991. Ficou doente quando comeu alimento cozido pela primeira vez. Era muito cabeludo e apresentava muitas feridas, cicatrizes e calosidades. Um cidadão indentificou o garoto como John Sesebunya, cujo pai, depois de assassinar a mulher, desapareceu. O garoto tinha três anos na época e fugiu para a floresta onde foi adotado pelos macacos que lhe ofereceram raízes e amêndoas. John foi estudado por especialistas que diagnosticaram nele um caso genuíno de "criança selvagem".

Bello, da Nigéria: Outro caso de criança resgatada por caçadores. Tinha dois anos e vivia com uma família de chimpanzés. Possivelmente, pertencia a uma comunidade de nômades Fulani. Era doente, mentalmente e fisicamente, causa provável de seu abandono. Esse procedimento é comum na cultura dos Fulani, pastores que percorrem grandes distâncias ao longo do leste africano. Os médicos estimaram que ele deveria ter 6 meses quando foi deixado na floresta para morrer. Em 2002, aos oito anos, tinha compleição física de uma criança de quatro anos e ainda mantinha trejeitos simiescos.

Gazelas
Em 1960, o antropólogo Jean-Claude Auger, viajando sozinho pelo Saara Espanhol, encontrou um grupo de nômades Nemadi que contaram a ele sobre o avistamento de uma criança selvagem. No dia seguinte, tomando a direção indicada pelos nômades, ele viu uma criança nua galopando em grandes saltos em um grupo de numerosas gazelas brancas. Auger instalou-se em um pequeno oásis e ali ficou na expectativa de uma chance de aproximação.
Esperou por muitos dias até que, enfim, surgiu a oportunidade de observar o garoto-gazela mais de perto: "ele era vigoroso, queimado de sol, olhos amendoados e tinha no rosto uma expressão amável; aparentava dez anos de idade. Seus tornozelos eram desproporcionalmente grossos e fortes; seus músculos eram firmes. Andava de quatro mas, ocasionalmente, assumia postura ereta, o que fez Auger supor que havia sido abandonado ou se perdido quando já começara a dar seus primeiros passos. Quando ouvia barulhos estranhos, ficava alerta, tremia os músculos, movia o nariz e as orelhas, tal como suas companheiras gazelas". Em 1966, fizeram uma tentativa de resgatar o jovem usando uma rede; não funcionou. Diferente de outros casos de crianças selvagens, jamais foi capturado. Auger recusou fotografá-lo pois entendia que não era justo prendê-lo e domesticá-lo.

Oriente Médio: Em 1946, outro garoto que cresceu entre gazelas foi capturado. Ele vivia no deserto entre a Transjodânia, Síria e Iraque. Foi visto pela primeira vez pelo chefe da tribo tuaregue dos Ruwelli, Amir Sha'alan. Ele corria no meio das gazelas e dava grandes saltos. Repentinamente, tropeçou e caiu: "conseguimos nos aproximar e constatamos que o jovem tinha se ferido em uma grande pedra. Ele olhava para nós com seus grandes olhos cheios de espanto". Tentaram vestí-lo e calçá-lo; ele resistiu. Levado ao médico, dr. Musa Jalbout, agia, comia e chorava como uma gazela. Não havia dúvida de que tinha crescido entre aqueles animais. Deveria ter uns 15 anos. Aos poucos habituou-se a comer pão e carne. Podia correr a 50 km por hora, era muito esbelto, tinha 1,70 m de altura e membros extremamente fortes.

https://sofadasala.vilabol.uol.com.br/noticia/feralchildren.htm