Por: Raphael Freire
Indivíduo
Quem sou eu?
Eu, distinto de todos
Mas igual a todo mundo.
O mundo em que vivo
Às vezes me prende
Livres tão somente
São os meus pensamentos.
Por que não posso fazer
Aquilo que posso fazer?
Por que você me prende
Se sou diferente de você?
Se vivo igual a ti
Estou preso em liberdade
Quero ser eu, único
Mas você ainda me prende...
Perdoe-me se te confundo
Mas pense igual a mim:
Ainda estou preso
E o mundo prende a ti.
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Análise do poema:
"Indivíduo
Quem sou eu?
Eu, distinto de todos
Mas igual a todo mundo."
Quem sou eu? Quem é você?
Somos considerados seres dotados de raciocínio e opinião crítica. Somos chamados de muitas denominações, e uma delas é indivíduo. Eu sou um indivíduo, você é considerado um indivíduo. Porém, quem somos nós?
Numa situação qualquer, podemos ouvir alguém se apresentar de muitas maneiras, como “Prazer, sou a Paula”, “Olá, me chamo Marcos”, ou até “É com grande satisfação que serei o novo presidente desta empresa. Meu nome é Alex.” Não paramos, porém, para pensar quem somos nós, nunca, difícil indagarmos a nós mesmos.
Você é capaz de definir-se e dizer quem tu és? Será que eu sou alguma coisa? No livro O mundo de Sofia, Sofia, a personagem principal do texto, ao começar receber cartas misteriosas, dizendo ser de um curso de filosofia gratuito, entra em conflito quando se depara com o imenso mundo filosófico. Ela se ofusca com a forte luz do Sol que alumia o mundo verdadeiro, pois ela saiu da caverna que limitava sua visão. Ao se deparar com o lindo Sol, Sofia sofre grande indagação de si, até o momento em que ela se olha no espelho e diz: “Você sou eu!” Ela, até então, nunca havia se preocupado em definir-se e em saber quem é.
Na Bíblia Sagrada também encontramos princípios de definição própria. E um forte exemplo é na passagem do livro de Êxodo, no capítulo 3 e nos versos 13 e 14, está escrito:
13. Então disse Moisés a Deus: Eis que quando vier aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?
14. E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.
Essa passagem aconteceu, segundo a bíblia, quando Deus quer enviar Moisés para o Egito para libertar os filhos dos Israelitas da escravidão de faraó. Moisés sente medo de que os israelitas lhe perguntem quem é o deus que o enviou para libertá-los. Moisés também não sabia quem era esse deus, sabendo apenas que Deus era chamado de Deus. Deus então responde a Moisés: “EU SOU O QUE SOU”, e não para por aí: “Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” Deus tem plena sabedoria de quem ele é. Ora, quem é Deus? Deus é Grandioso, maravilhoso, sábio, perfeito, intocável. E Ele tem ousadia em dizer: “EU SOU O QUE SOU”, denominando-se como EU SOU.
Deus também se se desprende dos deuses daquela época. Ele tenta ser único, e não mais um deus. Daí por que Deus ter o “D” maiúsculo, assim como os pronomes que indiquem a Ele (como esse, por exemplo). E é o que está escrito no poema: “Eu, distinto de todos”; eu sou eu, e mais ninguém pode ser eu. Ainda que existam semelhanças, físicas ou psíquicas, ninguém será eu.
Sou distinto de todos, mas ainda existe uma coisa em comum: somos todos iguais. Todos somos homens. O que difere uns dos outros são os chamados acidentes. Somos, porém, iguais. Não é de se surpreender quando afirmamos:
Todos os homens são mortais.
Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é mortal.
Sócrates, filósofo grego muito conhecido hoje, mas que já morreu a muito tempo, é homem. O fato de Sócrates ser mortal é apenas uma conseqüência de ele ser homem. Nisso, todos os chamados humanos são iguais.
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“O mundo em que vivo
Às vezes me prende
Livres tão somente
São os meus pensamentos.”
Agora entraremos no conceito de liberdade, e começaremos com: O que é liberdade em sua concepção?
Presenciei uma aula de filosofia, e o professor fez a seguinte pergunta à sala: “Quem aqui tem liberdade?” Alguns alunos levantaram a mão, outros não. O professor, apontando à aluna que havia levantado a mão, perguntou: “Por que você pensa que é liberta?” Ela, sem muita demora, respondeu: “Tenho liberdade para sair com os meus amigos e chegar mais tarde de noite, pois ganhei confiança de meus pais.” O professor, voltando-se para a sala aos demais alunos, afirmou sem dúvidas:? “Eu posso garantir que NENHUM de vocês tem liberdade!” Os que haviam levantado a mão, se assustaram. Mas por que nós não temos liberdade? Qual era o conceito de liberdade usado pelo professor de filosofia?
Sabemos que liberdade é quando uma pessoa tem livre arbítrio de realizar algo. Mas a idéia de liberdade ultrapassa o pensamento de pais não confiarem ou confiarem em nós.
Esse conceito é o seguinte: Liberdade, aqui falado, é o direito de uma pessoa fazer o que quiser no mundo, e não dentro de casa. Logo, dá para entender a estrofe:
“O mundo em que vivo
Às vezes me prende
Livres tão somente
São os meus pensamentos.”
O mundo está constantemente nos influenciando em nosso modo de agir, vestir, falar, etc., sendo livres apenas os nossos pensamentos – o que logo também será influenciado por eles. Eu estou preso em você, e você está preso em alguém! Quer uma prova disso? Saia na rua com uma camiseta branca de bolinhas amarelas, uma bermudinha cor de rosa estampada com os dizeres: “Eu amo o humano”, um chapéu de cinqüenta centímetros de altura e chinelas havaianas cor rosa. Não é necessário dizer o que ocorrerá: Você será motivo de risadas. Logo, você é liberto para sair com esse vestuário? Não, mas você tem o livre pensamento de pensar em sair assim...
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“Por que não posso fazer
Aquilo que posso fazer?
Por que você me prende
Se sou diferente de você?”
Sou sim liberto para sair de camiseta branca com bolinhas amarelas, bermudinha rosa, etc., mas ao mesmo tempo não sou. Como posso fazer o que não posso fazer??? Como posso sair com esse vestuário se a sociedade “não” vai me deixar sair, ou melhor, não me deixará em paz??? Você me prende sociedade, mas saiba que eu sou diferente de você! A sociedade te prende, mesmo sendo você diferente da sociedade.
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“Se vivo igual a ti
Estou preso em liberdade
Quero ser eu, único
Mas você ainda me prende...”
Você influencia-me, e eu vivo semelhante a você. Para ser aceito em um determinado grupo, devo, normalmente, ter que alterar meu vestuário, meu linguajar, meus gostos, etc.. Sou livre para fazer isso, mas estou preso nesse grupo, pois se eu não me adequar a ele, não me aceitarão. E ainda que eu queira ser único, livre, você ainda me prende. Nunca estarei em liberdade propriamente dita.
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“Perdoe-me se te confundo
Mas pense igual a mim:
Ainda estou preso
E o mundo prende a ti.”
Não haverá mais confusão, depois da leitura desse texto, mas uma coisa é certa:
Ainda estou preso
E o mundo prende a ti!
A liberdade.
De uma forma geral, a palavra "liberdade" significa a condição de um indivíduo não ser submetido ao domínio de outro e, por isso, ter pleno poder sobre si mesmo e sobre seus atos.
O desejo de liberdade é um sentimento profundamente arraigado no ser humano. Situações como: a escolha da profissão, o casamento e o compromisso político ou religioso, fazem o homem enfrentar a si mesmo e exigem dele uma decisão responsável quanto a seu próprio futuro.
A capacidade de raciocinar e de valorizar de forma inteligente o mundo que o rodeia, é o que confere ao homem o sentido da liberdade entendida como plena expressão da vontade humana.
Teorias filosóficas e políticas, de todos os tempos, tentaram definir liberdade quanto a determinações de tipo biológico, psicológico, econômico, social etc. As concepções sobre essas determinações, nas diversas culturas e épocas históricas, tornam difícil definir com precisão a idéia de liberdade de uma forma generalizada.
Do ponto de vista legal, o indivíduo é livre quando a sociedade não lhe impõe nenhum limite injusto, desnecessário ou absurdo. Uma sociedade livre dá condições para que seus membros desfrutem, igualmente, da mesma liberdade. Em 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que engloba os direitos e liberdade que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera que devam ser os objetivos de todas as nações. A liberdade se manifesta à consciência como uma certeza primária que perpassa toda a existência, especialmente nos momentos em que se deve tomar decisões importantes e nos quais o indivíduo sente que pode comprometer sua vida. O consenso universal reconhece a responsabilidade do indivíduo sobre suas ações em circunstâncias normais, e em razão disso o premia por seus méritos e o castiga por seus erros. Considerar que alguém não é responsável por seus atos implica diminuí-lo em suas faculdades humanas, uma vez que só aquele que desfruta plenamente de sua liberdade tem reconhecida sua dignidade. O homem tende a exercer a liberdade em todas as ações externas. Quando elas são cerceadas, frustram-se o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo e desprezam-se seus direitos e sua dignidade. Entretanto, apesar de toda a violência externa (e em certo grau também as pressões internas), as pessoas são muitas vezes capazes de manter a liberdade de arbítrio sobre seus atos internos (pensamentos, desejos, amor, ódio, consentimento moral ou recusa), preservando assim sua integridade e dignidade, como acontece com pessoas submetidas a situações extremas de privação de liberdades. Foram as próprias dificuldades teóricas inerentes ao conceito de liberdade que levaram as ciências humanas e sociais a preferirem o termo plural e concreto "liberdades" ao ideal absoluto de "liberdade". Assim, deixando de lado a discussão especificamente filosófica e psicológica, considera-se, cada vez mais, a liberdade como soma das diversas liberdades específicas. Fala-se correntemente em liberdades públicas, políticas, sindicais, econômicas, de opinião, de pensamento, de religião etc. Embora tal procedimento não resolva o problema teórico da natureza da liberdade, pelo menos possibilita avançar na reflexão e nos esforços para ampliar, cada vez mais, o exercício de uma faculdade de importância primordial na vida dos homens e das sociedades.
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