O que é filosofia
A maioria das pessoas admite saber menos a respeito de Filosofia do que qualquer outra ciência. Embora possam não ter uma idéia sobre que tipo de trabalho, no momento atual, os pesquisadores estejam realizando em suas ciências, entendem, contudo, qual seja o objetivo geral que pretendem alcançar. Mas qual é o objetivo da Filosofia?
A origem da palavra nos lembra que o filósofo é aquele que ama a sabedoria mas todos nós não a amamos igualmente? Que, de especial, faz o filósofo para se associar assim à sabedoria?
Do que trata a filosofia
Alguns acham que a Filosofia é o estudo da sabedoria do passado. Sendo assim, teríamos de concordar que, há muito, a Filosofia estaria morta também. Há outra pergunta. Os que ensinam Filosofia ou escrevem sobre Filosofia são efetivamente filósofos? Ou sua missão seria, apenas, transmitir a sabedoria dos filósofos a cada nova geração de estudantes?
Isto é importante, mas não é nossa tarefa principal. Eu diria que a atividade filosófica mais importante consiste no esforço sincero e na procura inteligente de soluções para os problemas que afligem a época em que vivemos.
Tentar construir uma solução para um problema é mais importante do que a descrição daquilo que algum sábio disse a respeito do assunto, numa época diferente da nossa. Realmente, os problemas filosóficos mais importantes são antigos e são também presentes. As respostas encontradas pelos filósofos são importantes, embora nem sempre definitivas. O que eles disseram vale a pena ser discutido, pois podemos verificar o que faltava às suas explicações para serem mais conclusivas.
O interesse primordial da Filosofia é com os problemas não resolvidos. Os aspectos históricos da nossa disciplina são também importantes porque podem nos ajudar nessa tarefa.
Por que estes problemas, pelos quais a Filosofia se interessa, permanecem sem soluções? Uma resposta simples a esta pergunta é que estes são exatamente os problemas que restam depois de termos resolvido todas as outras situações que foram solucionadas pela descoberta de novos fatos. Vamos dar um exemplo. A Física, a Química, a Biologia, a Economia, a Psicologia etc., podem resolver muitos problemas, que, no final, dão origem a outros problemas, sobre os quais essas ciências não tem nenhum alcance. São exatamente estes novos problemas que constituem o objeto da Filosofia.
Perguntaram, certa vez, ao governante indiano Nehru (1889-1964) o que ele achava da Bomba Atômica. Filosoficamente respondeu: "Se a humanidade for boa, destruirá a bomba. Se for má, será destruída por ela".
Exatamente sobre problemas como este a ciência não se sente com competência para falar.
Os problemas filosóficos exigem argumentos racionais e lógicos. Não são tratados à base de experiências de laboratório, nem de cálculos mate-máticos, mas a partir de uma explicação racional, com validade geral e aceitação para sua época.
Vejamos outro problema muito mais amplo. Cada ciência explica sua parte da realidade, mas qual vai dizer o que é esta realidade universal, cósmica, infinita, da qual fazemos parte, como a gota d'água faz parte do oceano? Agora, você também está convidado a sentar-se à mesa-redonda da Filosofia.
Surgimento da filosofia
A filosofia propriamente dita tem condições de surgir no momento em que o pensar é posto em causa, tornando-se objeto de uma reflexão. Refletir é retomar o próprio pensamento, pensar o já pensado, voltar se para si mesmo e colocar em questão o que já se conhece. O trabalho do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela.
A filosofia é um jogo irreverente que parte do que existe ou do que já se sabe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, descobre novas possibilidades e novas maneiras de compreender o mundo e a vida, então, podemos dizer que a filosofia começa quando algo desperta nossa admiração, espanto ou nos chama a atenção, exigindo-nos uma explicação.